quarta-feira, 28 de abril de 2010

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Mario Quintana


Este mês me dedicarei a expor alguns dos trechos de autoria desse senhor tão simpático e interessante: Mario Quintana.

Em alguns momentos deixarei uma frase. E estava pensando sobre isso, sobre o tamanho, a quantidade sendo sinônimo de qualidade, de importância. Quanto maior, melhor.
Recentemente algumas amigas e eu saimos para comprar um presente para outra amiga. Após andar bastante, decidimos que comprariamos um brinco e um prendedor de cabelo.
O que você pensou ao ler essa ultima frase? Será que foi algo do tipo: "andaram tanto para comprar isso?", "para dar esse presente valeria a pena andar mais um pouco" etc. Caso você não tenha pensado, nós pensamos mais ou menos isso. Ficamos questionando o que ela acharia de ganhar um presente que tinha o tamanho inversamente proporcional ao valor, mas que a primeira vista parecia tão singelo. Nesse momento me dei conta do quanto parece relevante o tamanho. Seja o tamanho do gesto ou o tamanho do presente.
Para comprovar e relembrar que uma palavra pode ser mais intensa que um texto enorme, e que um texto enorme tambem pode ser tão intenso quanto uma frase é que tentarei mesclar dos dois. O que fará diferença será a sua leitura, o seu momento, o conteudo, enfim algo que não dá para prever. Entao... para começar...
"DA OBSERVAÇÃO
Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio…"
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sábado, 28 de março de 2009


Lembro-me bem das vezes em que passava férias na casa de uma tia, cuja casa tinha uma piscina com 2 metros de profundidade. Eu, nanica e medrosa, colocava a bóia, o colete salva-vidas, amarrava uma cordinha no colete e na escada da piscina e não desgrudava da escada por nada. Foram vários anos assim. Meus primos? Pulavam de costas, rodopiavam, desciam no escorrego, nadavam de um lado para o outro, enfim, aproveitavam cada centímetro daquele lugar.
Com o tempo, fui ficando interessada em provar daquela diversão que eles gozavam tão facilmente. Sempre hesitante, de início tentava me descolar da escada. Depois de muito tentar o q consegui foi me afastar 30 centímetros da escada e segurar na borda. Até que com muito custo fui me afastando mais, ainda com a corda me prendendo a escada e ao colete e claro que com as bóias nos braços. A cordinha tinha função de me alertar até onde podia ir.
Foi difícil, mas com mais anos passando, consegui me libertar da cordinha no colete. Embora me sentisse muito insegura e desprotegida, afinal, contar com a proteção do colete e das bóias não me parecia muito prudente. Mas com hesitação que me é natural, oscilava entre soltar a escada e explorar um pouco mais a extensão da piscina ou fi(n)car parasitamente na escada.
Um grande medo me assolava e tentava me prender, embora muitas vezes já nem soubesse mais o que estava temendo. Parecia ter criado o medo do medo. E nesse conflito constante, às vezes retrocedia, mas em passos curtos, conseguia me libertar. Confesso que em muitos momentos meus primos não me ajudavam muito, sempre ameaçando me jogar na piscina sem “proteção”, me puxando para o fundo, enfim, valendo-se de sua segurança e sem temer o que para mim eram os mistérios da piscina, eles quase que me torturavam.
Encurtando essa minha história, pois se foi cansativo viver isso, não precisar se tornar também cansativo a sua leitura, fui deixando a escada, ganhando confiança não sei bem em que, mas confiava que podia soltar a escada. Depois me vi tirando o colete, até que... as bóias ficaram. Sentia-me literalmente mais leve. Literalmente um peso saía de meus ombros. Conseguia até sentir mais água molhar o meu corpo.
Enquanto ficava grudada na escada decidia em que momento mergulhar a cabeça e me molhar. Com a liberdade que ia adquirindo percebia que não controlava totalmente o limite entre a água e o meu corpo. Cada vez mais tornava-me parte da água e a água parte de mim. Nossos movimentos fluíam e conduzia um ao outro. Como num passe de dança, que por mais que você não saiba todos os passos que o(a) companheiro(a) fará, é levado mesmo assim a se movimentar em sintonia com o corpo dele(a).
Foi necessário mais um tempo para que tirasse a bóia. Tirei e aí sim conheci a liberdade plena. Hoje eu pulo, mergulho...o que estiver ao meu alcance eu faço. A escada foi muito importante para mim, uma companheira fiel. Não me abandonava, ou melhor, eu não a abandonava de maneira nenhuma. Mas embora ela me permitisse estar ali, pois era através dela que me sentia segura, ela me engessava. Era bom tê-la, mas me pergunto: como seria não tê-la? Ela me proporcionava o que imaginava precisar, quando na verdade me apartava do que realmente necessitava: a liberdade.
O colete e a bóia vieram em complemento a segurança dada pela escada. Eram importantes, mas eram menos paralisadores. Com eles podia ao menos flutuar.
Alem do medo real de me afogar, enquanto criança, minhas primas e eu, criamos um medo fantasioso. Tínhamos por lei não ultrapassar a metade da piscina a noite. Acreditávamos que poderíamos encontrar tubarões, fantasmas, coisas não identificadas. Até hoje há quem prefira não arriscar.
Bom, histórias do passado são sempre boas de se relembrar. Essa é uma dessas que vale a pena passar a diante. Não é engraçada, nem alegre, nem triste...mas pode nos levar a refletir sobre muitas coisas. Medo! Liberdade! Atitude!
Apesar de considerar o medo algo necessário, sei que em algumas situações esse medo extrapola o limite, deixando de ser saudável. Para uns ele é algo instintivo, sob um ponto de vista evolucionista ele é necessário para nossa sobrevivência, outros acreditam que ele é adquirido e incorporado com relação a cultura.
Mas o que eu observo é que desde criança somos submetidos a situações em que nossos familiares, amigos (amigos?rs), músicas etc parecem nos treinar para ter medo. Quem nunca ouviu “Boi, boi boi, boi da cara preta pega essa criança que tem medo de careta”, “O homem do saco vai te pegar...”, enfim, são tantas ameaças.
Sinceramente, com tanta investida, não considero muito difícil entender o por que é tão comum sentir medo, e medo de coisas que não passam de criações de nossa mente fértil e temerosa.
Quem tem medo do lobo mau? Todos nós! Seja lá o que for o meu ou o seu lobo mau. Mas a despeito do medo, tornar-se livre está sempre ao nosso alcance. Depende de nós: ficar na escada ou misturar-se com a água.
...continua...

Débora E. N. Lomba

sábado, 21 de março de 2009

Elogio da Dialética

A injustiça passeia pelas ruas com passos seguros.
Os dominadores se estabelecem por dez mil anos.
Só a força os garante.
Tudo ficará como está.
Nenhuma voz se levanta além da voz dos dominadores.
No mercado da exploração se diz em voz alta:
Agora acaba de começar:E entre os oprimidos muitos dizem:
Não se realizará jamais o que queremos!
O que ainda vive não diga: jamais!
O seguro não é seguro.Como está não ficará.
Quando os dominadores falarem falarão também os dominados.
Quem se atreve a dizer: jamais?
De quem depende a continuação desse domínio?
De quem depende a sua destruição?
Igualmente de nós.
Os caídos que se levantem!
Os que estão perdidos que lutem!
Quem reconhece a situação como pode calar-se?
Os vencidos de agora serão os vencedores de amanhã.
E o "hoje" nascerá do "jamais".

Bertold Brecht

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

A paixão segundo GH

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· “...minhas previsões condicionavam de antemão o que eu veria”[p17]
· "Entender é uma criação”[p21]
· “Não minto para formar verdades falsas. Mas usei demais as verdades como pretexto.”[p27]
· “...tenho que tomar cuidado de não confundir defeitos com verdades”[p27]
· “Meu grito foi tão abafado que só pelo silêncio contrastante percebi que não havia gritado.O grito ficara me batendo dentro do peito”[p47]
· “Mas meu medo não era o de quem estivesse indo para a loucura, e sim para uma verdade - meu medo era o de ter uma verdade que eu viesse a não querer...”[p60]
· “...se eu nunca revelar minha carência, ninguém se assustará comigo e me ajudarão sem saber...”[p62/63]
· “...a vida em mim é tão insistente que se me partirem, como a uma lagartixa, os pedaços continuarão estremecendo e se mexendo”[p65]
· “O mundo só não me amedrontaria se eu passasse a ser o mundo”[91]

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sábado, 14 de fevereiro de 2009

A paixão segundo G. H.



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“...arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo”[p12]
“A idéia que eu fazia de pessoa vinha de minha terceira perna, daquela que me plantava no chão” [p12]
“Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo – quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar a desorientação” [p12/13]

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